Toda árvore possui uma raiz que aponta para a sua semente e, assim, para aquilo que ela produzirá em determinado tempo. Uma semente de uva fará crescer uma videira, certamente. Não há a possibilidade de se esperar um fruto diferente daquele que inicialmente foi plantado para que se tenha devido resultado. Pois é, parece óbvio, mas o fruto de uma árvore aponta diretamente para a sua semente e raiz.
Com isso, sou levada a me questionar todos os dias onde estão, de fato, as minhas raízes, isto é, qual semente tem germinado dentro de mim para que eu reaja de determinadas maneiras em certas situações. E esse questionamento vem por muitas vezes eu encontrar certas incoerências em mim mesma: há dias em que eu afirmo algo com a minha boca, mas a minha atitude aponta para outra coisa completamente diferente. É como se eu tivesse plantado um grão de feijão e visse nascer ervilhas.
No entanto, quando paro para pensar sobre isso, há algo que me leva a ver que talvez as minhas raízes não estejam firmadas onde eu penso estar. Ou seja, às vezes me deixo levar pelo engano de achar que estou enraizada em algo que na verdade não estou e, por isso, os frutos por vezes me assustam. Portanto, sou levada a rever quais são as minhas raízes e de onde estão vindo esses frutos que são revelados diariamente.
Numa discussão entre Jesus e alguns homens judeus, aparece o seguinte diálogo:
Então lhe disseram [os judeus]:
– Nosso pai é Abraão.
Mas Jesus respondeu:
– Se vocês fossem filhos de Abraão, fariam as obras que ele fez. | João 8:39
Nesse trecho, vê-se que a raiz genealógica dos homens com quem Jesus conversava apontava para uma origem: Abraão; porém, as atitudes desses mesmos homens não condiziam com essa raiz. De alguma maneira, esses homens judeus haviam se distanciado dessa raiz primitiva para se firmarem em outra coisa que apontava para um outro fruto, isto é, para obras diferentes daquelas produzidas por Abraão.
Logo, esse mesmo conflito me atinge frequentemente, pois quando penso estar firmada em algo, as minhas atitudes revelam outra coisa e me deparo com uma contradição em mim mesma. Desse modo, é preciso que eu direcione o olhar para o cerne das coisas em meu interior para poder entender os frutos que nascem em mim, uma vez que as minhas obras são o resultado de uma origem que talvez eu desconheça, ou tenha me esquecido.
Portanto, como ser humano contraditório que sou, vejo o quão necessário é que eu seja conduzida a rever a origem das minhas obras todos os dias, visto que são frequentes as vezes em que espero um fruto que na verdade não plantei – por possuir raízes diferentes daquilo que imagino.
Assim, meu desejo e oração e para que eu (e você também) seja sensível à voz daqueles que me ajudam a rever a origem das minhas obras. Que eu seja sensível principalmente à voz de Cristo que me ajuda a enxergar o que o meu coração tem de fato produzido e quais são os motivos para isso, ou seja, apontando-me para as origens daquilo que produzo.
| Foto: Gilton Lopes Nascimento |
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