Quem vai atrás do pão?

Seja no começo ou no fim do dia, constantemente estou com uma enorme lista de pedidos e desejos dentro de mim. Às vezes, esses anseios se relacionam a coisas puramente pessoais e outras vezes se relacionam a problemas que vão além de mim e que almejo que sejam resolvidos. A verdade é que espero por diversas mudanças e, na maioria das vezes, compartilho isso com colegas, familiares e com Deus na intenção de que meus desejos se realizem.

            No entanto, esses dias me deparei com um texto que veio de encontro com um grande problema meu, isto é, o problema de enxergar algo fora do lugar, desejar mudança em relação a isso, porém fazer pouco para que a mudança seja possível. O texto em questão é uma narrativa que envolve Jesus, seus discípulos e uma multidão de pessoas com fome:

Ao entardecer, os discípulos foram até ele [Jesus] e disseram: “Este lugar é isolado, e já está tarde. Mande as multidões embora, para que possam ir aos campos e povoados vizinhos e comprar algo para comer”.

Jesus, porém, disse: “Providenciem vocês mesmos alimento para eles”. Marcos 6:35-37 (NVT — grifo meu)

            Esse texto me fez pensar por bastante tempo a respeito da posição que tomo diariamente diante de complicações que encontro. Isso porque os discípulos haviam enxergado um problema: as pessoas que ouviam Jesus estavam com muita fome e precisavam se alimentar, logo, os discípulos, como esperado, relataram o problema a quem eles acreditavam que o poderia resolver. Contudo, a resposta de Jesus é bastante intrigante: providenciem vocês mesmos!

            Essa resposta direcionada aos discípulos me atormentou por um tempo, porque trouxe à tona uma grande questão em mim: de todas as coisas que peço, o que eu posso fazer e não faço? O que está ao meu alcance e eu posso providenciar para que alguma mudança, mínima que seja, aconteça? Bem, os discípulos tiveram de pensar e agir para que aquela multidão não morresse de fome, tiveram, eles próprios, de procurar alguns pães e peixes.

            A boa notícia é que os discípulos, no fim das contas, conseguiram encontrar alimento, o que me fez pensar ainda mais sobre o fato de que, realmente, há coisas que estão à minha disposição para que o problema que muitas vezes enxergo seja resolvido. A contrariedade é que, para ser sincera, há dias em que a minha vontade é que meus pedidos se tornem reais em um passe de mágica, sem muitos esforços meus. Entretanto, Jesus me relembrou e continua relembrando que há diversas situações que exigem a minha movimentação e não apenas a minha oração ou desejo.

            Uma outra notícia boa dessa narrativa é que, um pouco mais à frente, Jesus pega os peixes e pães que os discípulos haviam encontrado e os multiplica. Ou seja, a narrativa desse episódio revela que há coisas que, definitivamente, são possíveis apenas na mão do Eterno. Porém, há outras que são extremamente possíveis a mim. Portanto, sou convidada hoje a me perguntar: diante de tantas demandas que estão ao meu redor, o que pode ser providenciado por mim? Estendo esse convite a você também. E, por último, acredito no descanso de saber que aquilo que podemos fazer, faremos, e o que não está ao nosso alcance, Jesus fará — inclusive, já fez!

Foto: Gilton Lopes Nascimento.

Sobre o Autor

Nívea Lopes
Nívea Lopes

Nívea Lopes, professora de Língua Portuguesa e artista.

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