Com certa frequência, eu inicio os meus dias, principalmente as segundas-feiras, com um sentimento de culpa e pendência. É como se eu já acordasse atrasada para qualquer tarefa do dia. E, claro, eu tenho culpa nisso. Tenho culpa nesses sentimentos porque eles vêm por um motivo bem específico: eu sou uma grande procrastinadora. Por conta disso, eu acordo com alguns remorsos dentro de mim, por saber que terei de correr para suprir aquilo que ainda não resolvi.
Todavia, lendo esses dias o Salmo 103, percebi algo de errado nessa minha postura. Isso porque o salmo em questão começa com um convite ao elogio a Deus pela sua perfeição e bondade. Logo, vi um grande contraste entre mim e o poeta do salmo, pois havia ali uma grande diferença entre um coração grato, apresentado na poesia, e um coração cheio de remorso, como estava o meu.
Aqui, eu não estou tentando encobrir o meu erro de ser procrastinadora. Eu errei e erro com frequência em realizar as minhas tarefas diárias. Porém, como se repete muito por aí, remorso não é arrependimento. Então, eu vi, lendo esse salmo, que o meu remorso não me levaria a lugar nenhum, não me animaria a mudar de atitude, não me permitiria ver que, ora, é um novo dia e o Criador me deu uma nova chance de tentar novamente.
Assim, fui instigada por esse poeta do salmo 103 a, realmente, mudar meu pensamento pela manhã e mudar meu pensamento sobre mim mesma. Digo isso porque, muitas vezes, o meu desapontamento está relacionado ao meu constante erro de achar que sou capaz de abraçar o mundo e todas as suas demandas. Contudo, esse mesmo salmo diz o seguinte:
Pois ele [Deus] conhece a nossa estrutura
E sabe que somos pó.
Salmo 103:14 (NAA)
Pois é! Eu não me conheço o suficiente para lidar com minhas próprias falhas, mas o Eterno conhece e sabe muito bem da minha fraca estrutura. Portanto, eu careço desse equilíbrio: arrepender-me quando erro, agradecer ao Senhor por continuar sendo bom mesmo vendo essa minha fragilidade e não cair no remorso — que de nada adianta.
De todo modo, conseguindo dar conta das tarefas ou não, o poeta faz um convite à própria alma dele: “Bendiga, minha alma, o Senhor…”. Ou seja, mesmo diante do meu erro logo numa manhã de uma segunda-feira, há motivos para elogiar Aquele que é constantemente perfeito. Dessa forma, é assim que eu quero iniciar os meus dias, é isso que eu quero aprender com o poeta desse salmo. Isso porque o remorso me torna amarga e ingrata, mas o elogio ao Criador me faz lembrar quem de fato está no controle quando eu acordo nas manhãs de segunda, terça ou quarta.
Sendo assim, para essa segunda-feira a minha oração é:
Bendiga, Nívea, ao Senhor,
e tudo o que há em você
bendiga o nome santo de Deus.
Bendiga, Nívea, ao Senhor,
e não se esqueça de nem um só
de seus benefícios.
[Adaptação do Salmo 103:1-2]
Foto: Gilton Lopes Nascimento.
Reflexão de qualidade, que literalmente nos faz pensar.
Trocar a palavra “alma” pelo próprio nome torna mais visível e direito às minhas falhas, a misericórdia, a graça e o que eu preciso fazer e mudar.
Parabéns Nih.
Verdade, Fê! Tenho feito esse exercício de ler o texto me vendo nele, pra que realmente alcance o meu coração e provoque mudança. Fico muito feliz que tenha feito sentido pra você!