Certa vez, uma tia minha fez a seguinte oração antes de dormir:
— Jesus, que nessa noite eu consiga descansar o suficiente. Amém.
Ela fez essa oração curta, tendo em vista que já era madrugada e tinha de acordar cedo para continuar os trabalhos que haviam ficado pendentes. Sua voz carregava, na mesma intensidade, sinceridade e fadiga. Orou e dormiu aquelas poucas horas antes do sol aparecer.
No dia seguinte, estava ela de pé, cedo, correndo de um lado para o outro para terminar de ajeitar a casa e o almoço para receber seus irmãos e seus sobrinhos. Corria agoniada, atenta para ver se havia algo fora do lugar ou se a comida estava mesmo boa. Incrédula, era a única a não acreditar que a comida sempre estava boa e a casa sempre limpa, e essa teimosia sempre a fazia atrasar o almoço.
Contudo, dado o horário da visita, a mulher abriu o portão aos familiares, recebeu todos em sua mesa farta e foi narrando o que tinha em cada panela. Ninguém ouvia muito bem, pois estavam ocupados já se servindo. Todos se serviam, menos ela. Dizia que, no corre-corre dos preparativos, havia ficado sem apetite, mas que, certamente, mais tarde comeria.
Então, antes de comer, lembro-me que alguém indagou:
— Quem ora agradecendo pelo alimento e pelas mãos que o fez?
Não vem à lembrança quem fez a oração, mas a oração de agradecimento foi feita, e os sobrinhos, impacientes, comeram enquanto ainda se dizia “amém”.
Talvez, por conta da oração de agradecimento, essa minha tia que estava em pé observando se todos estavam comendo bem se lembrou de algo e começou a relatar um fato da madrugada. Narrou a todos ali que também havia feito uma oração a Jesus antes de dormir: havia pedido para que, nas poucas horas que tinha de sono, Jesus lhe concedesse o descanso de uma noite inteira, para que ela pudesse preparar a casa e receber bem sua família. Aos olhos atentos dos sobrinhos, do marido e dos irmãos, ela disse sorrindo:
— Jesus me respondeu!
Foto: Gilton Lopes Nascimento.
Muito bom Nívea…