O Triste Fim de Policarpo Quaresma é um romance de 1911 escrito por Lima Barreto. Na obra, o autor expõe uma grande denúncia social relacionada aos primeiros anos da república no Brasil, e isso se dá através da figura do protagonista, Policarpo Quaresma, que sonha e vive com um ideal de país.
Policarpo Quaresma é um major e é retratado como um homem extremamente patriota que preza por tudo o que é brasileiro, rejeitando e rebaixando, assim, aquilo que é de fora de sua terra. Com isso, o leitor descobre que o amor pela pátria tomou o major desde a sua juventude, fazendo com que ele desejasse um conhecimento completo de seu país.
Esse patriotismo é tão bem-posto no romance que o leitor não sabe em qual estado Quaresma nasceu, apenas sabe que ele é, antes de tudo, brasileiro. O protagonista leva isso de maneira tão radical que se propõe a diferentes aventuras a fim de valorizar e honrar o território nacional.
Em uma de suas tentativas de honrar a cultura brasileira, Policarpo sugere às autoridades que tornem o tupi-guarani a língua oficial do Brasil. A proposta não é aceita pelas autoridades e, pior do que isso, é tida como uma grande ofensa. Assim, a situação se agrava ao ponto de levar Quaresma à loucura e ele precisar ser internado no hospício por surtos psicóticos.
Passado um tempo e já recuperado de sua mazela, o protagonista se muda para uma cidade do interior e se dedica à agricultura nacional. Porém, esse empreendimento não vinga por conta das pragas que começam a atacar as suas plantações. Ou seja, a segunda tentativa de elevar as terras brasileiras também frustra o patriota.
A grande e última tentativa de Quaresma de honrar a pátria é lutando por ela: o major apoia o ditador Floriano Peixoto durante a Revolta Armada. Contudo, mais uma vez, a pátria o decepciona: Policarpo termina a sua aventura militar preso por criticar uma atitude do governo.
Desse modo, no final da obra, temos Policarpo Quaresma refletindo sobre o triste fim de sua vida. O protagonista encerra a sua jornada frustrado com a idealização que fez de sua nação, visto que ele, um homem que dedicou toda a sua vida à pátria, teve de ver a pátria lhe cuspir o rosto. No fim, Quaresma teve de concluir que o Brasil com o qual sonhou não existia.
Logo, o leitor termina o livro vendo uma evidente crítica de Lima Barreto à forma como a nação estava sendo construída. Através da ingenuidade e idealismo de Quaresma, o autor mostra como a realidade do país era – e ainda é – violenta e interesseira, especialmente quando o assunto é a sua política.
Foto: Gilton Lopes Nascimento
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