Em uma tarde qualquer,
peguei-me lembrando dela,
a mãe que costurou fé,
tecidos e roupas velhas.
Que carregou nas mãos fortes
marcas de agulhas e máquinas,
cicatrizes e alguns cortes
de diversas duras fábricas.
Na peleja de um resgate,
decidi também tecer
e talvez até rever
a mão que fazia arremate.
Faltava-me, porém, muito:
tinha todo o material,
mas não tinha fé no pulso
ou sequer o dedo hábil.
Insisti até ter pronto
aquele trivial bordado,
em nada extraordinário,
e de muito amador rosto.
Contudo, no meio dos trapos,
vi uma boa costura exposta:
meu corpo inteiro traçado
pelas mãos de mãe jeitosa.
No final daquela tarde,
ainda pensava nela,
a mãe que costurou fé,
tecidos e roupas velhas.
Foto: Gilton Lopes Nascimento.
Perfeito! 🤩👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻