Faltavam cerca de dez minutos para uma aula online sobre contos. Como eu já estava pronta para a aula, fiquei um tempo pensando sobre o que eu poderia fazer com aqueles dez minutos restantes. Olhei, então, para a minha mesa e vi o livro que uma colega da faculdade escreveu e que eu havia começado a ler. Comprei aquele livro em um evento do curso de Letras, pelas mãos de minha colega e conversando sobre publicação independente. Relembrar aquele dia nos meus dez minutos restantes foi muito importante. Como é bom conhecer autoras e autores vivos!
Enfim, depois daquela lembrança decidi o que faria antes da aula começar: continuaria a leitura do livro da minha colega. Todavia, a leitura daquele livro me tomou mais do que dez minutos. Não que a minha aula sobre contos não fosse interessante — era e muito! —, porém, interessou-me mais, por certo tempo, ler uma escritora viva, parecida comigo e falando de um cotidiano semelhante ao meu. A identificação mexe com a gente, né?
Como alguém que também ama a escrita, ler alguém semelhante a mim me trouxe, naquela noite, a esperança de um dia também ser lida antes de alguma aula por aí. Essa experiência me trouxe mais esperança, inclusive, do que ler um autor consagrado dos anos 1800.
Ora, eu não tenho nada contra Machado de Assis e tantos outros escritores e escritoras de 1800; a genialidade de tais autores é inquestionável. No entanto, naquele dia eu deixei Machado de Assis esperando alguns minutos para poder ler minha colega da faculdade e escritora viva. Claro que eu fui para a minha aula sobre contos, mas não antes de ter terminado minha leitura do livro “Afetos e Ficções” de Mayra Guanaes. Então, após a minha leitura e um pouco atrasada, fui à aula estudar Machado, o grande escritor de 1800.
Foto: Gilton Lopes Nascimento.
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