Depois de muita queda por conta do peso em minhas costas eu finalmente decidi descarregá-lo. Vivi por muito tempo caminhando com dificuldade por conta da quantidade de bagagens que carregava sem necessidade. Malas que nem eram minhas. Outras que eram, mas que não mais precisavam ser levadas. Mania minha de tornar as coisas mais difíceis, quando na verdade eram simples. E era – e continua sendo – simples porque não havia cobrança excessiva, eu as havia inventado. Eu havia inventado a necessidade de carregar tanto peso e, além disso, sozinha.
Foi libertador o momento em que coloquei todas as mochilas no chão, aos pés de quem me ofereceu ajuda durante todo o caminho. Foi libertador entender que, ao contrário do que eu estava acostumada, existe leveza e suavidade e que eram elas que eu deveria colocar sobre mim. E a melhor parte foi perceber que a ideia de andar sozinha, com as minhas próprias forças, era um grande engano.
Eu continuo tendo algo para carregar, mas nada além daquilo que meus ombros possam suportar. Eu não sei o que essa verdade causa em você, mas o meu coração vibra de alegria todas as vezes que me lembro dela.
A jornada em si já não é tão fácil, eu não sou a pessoa mais forte do mundo e ainda queria complicar mais um pouco. Sabe quando nada flui? Quando se tem a sensação de que não há movimento? Aquela coisa de “parece que não vou para lugar algum”? Então, era esse sentimento constante que me perseguia até o dia em que me rendi à verdade de que não era tão forte quanto pensava, de que não conseguia sozinha e, quando isso aconteceu, abri os olhos novamente e vi luz.
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